segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Entrevista com Julie Plec



O Entertainment Weekly entrevistou a mulher por traz das séries que amamos, então incluímos a produtora executiva de TVD, Julie Plec, que mostra um conto épico de romance vampírico, e solidão, com reviravoltas que nos fazem engasgar, desmaiar e soluçar. Aqui, Plec, 40, nos conta como foi de fã de televisão para produtora, onde ela consegue sua inspiração, quem é sua arma secreta, o que ela e Kevin Williamson estavão fazendo quando eles se encontraram e se apaixonaram, e quando eles decidiram como TVD irá terminar no final das contas.
Entertainment Weekly: Quando você se mudou para LA, o que você se propôs a fazer?
Julie Plec: Eu fico constrangida toda vez que falo isso, porque acredito que é tão terrivelmente superficial. Eu gostaria de dizer: “Oh, tendo lido Shakespeare, tudo que eu queria era ser uma escritora.” Não. Eu queria trabalhar em Hollywood. Eu era apaixonada com isso. Eu lia Premiere Magazine, Movieline Magazine, e US antes de ser uma revista semanal. Eu lia Tiger Beat e Bop quando tinha 9, 10, 11 anos de idade. Eu amava filmes. Eu vi E.T. sete vezes. Eu costumava gritar com as pessoas que me chamavam quando LA Law estava passando porque eles deveriam saber que eu estava assistindo. Então eu simplesmente era apaixonada pelo negócio de Hollywood desde que me lembro. Então eu apenas disse: “Bom, eu vou. Vou fazer alguma coisa.” E o que é hilário é que eu era uma graduanda de cinema na Universidade de Northwestern, e eu pedi transferência do programa de cinema no meio do caminho porque pensei, “Bom, eu não quero ser diretora, e eu não consigo escrever, e produtores só estão atrás do dinheiro, então eu não tenho ideia do que eu vou fazer.” Eu acabei fazendo muito teatro, muita comunicação, e alguns trabalhos de cinema. Eu aprendi mais sobre mim mesma, e como ser uma excelente trabalhadora, e uma excelente artista fazendo teatro estudantil. Eu fui gerente de palco, assistente de gerente de palco, estive na equipe. Eu fiz mais ou menos 25 shows em Nosthwestern, todos musicais é claro. (risos)

EW: Seu primeiro trabalho foi como a segunda assistente da agente Susan Smith.
Plec: Um amigo meu me deu um conselho, ele disse: “Quando você sair daqui e for fazer entrevista para algum emprego, não importa o que você quer fazer, você fala pra eles que você quer fazer o que eles fazem.” Então eu me sentei na entrevista com ela, e ela disse: “O que você quer fazer profissionalmente?” E eu disse: “Eu quero ser uma agente.” Então três meses depois, me ofereceram outro emprego, e eu segui em frente. Ela foi tão amável comigo. Eu me senti terrível, mas estou te dizendo, ainda é o melhor conselho que já me deram. Eu sempre digo duas coisas para as pessoas que estão vindo para Hollywood, e são conselhos: 1) Eu repito o conselho que me deram. E 2) Se você tem a oportunidade de trabalhar na mesa de uma agência, é a coisa mais esperta que você pode fazer, porque é o único lugar onde você tem acesso a todas as informações do mundo, e isso você não aprende em nenhum outro lugar.
EW: Você foi aliciada pela sua amiga Lisa Harrison, que tinha sido promovida na companhia de Wes Craven e precisava de alguém para substituí-la. (Harrison depois se tornou agente de Plec). Foi assim que você e Kevin Williamson se conheceram. Mas como vocês se tornaram amigos?
Plec: “Pânico” foi a primeira coisa que ele escreveu que realmente saiu do papel, e eu estava em Hollywood a menos de dois anos. Nós éramos duas crianças numa loja de doces. Então teve isso, combinado ao fato do último mês de filmagens ter sido todo filmado durante a noite, então teve muito trabalho o que significou que eu não tinha muito o que fazer. Meu trabalho era sentar lá e garantir que Wes estivesse feliz, mas Wes é normalmente feliz o tempo todo e não precisava de mim realmente. (risos) Então eu e Kevin sentávamos em seu carro alugado e ligávamos o aquecedor, porque estava congelando, nós achamos uma estação de rádio antiga, que era inevitavelmente country, e nós cantávamos as músicas de Kenny Rogers juntos. E depois cantávamos musicais da Broadway um para o outro. No final das contas era aquele tipo de situação que era pra ser. Então, uma noite, ele disse: “Hey, então, eu estou escrevendo este piloto. Eu adoraria se você desse uma olhada. É sobre minha vida crescendo na Carolina do Norte na beira de um riacho.” Então nossa parceria criativa foi criada naquele carro, naquele set.
Quando ele ficou super famoso, ele me perguntou se eu gostaria de ir trabalhar com ele numa parceria como produtora executiva. Então eu fui. Um dos meus primeiros empregos foi na segunda temporada de Dawson’s Creek, porque Kevin estava dirigindo seu primeiro filme (Teaching Mrs. Tingle). Ele apenas me pediu para ir lá e garantir que tudo que estava acontecendo, estava no caminho que ele escolheria, porque eu o conhecia tão bem. E eu me apaixonei perdidamente por Dawson’s Creek e basicamente passei a maior parte daquele ano realmente trabalhando na série, e quando Kevin terminou o filme, passei a trabalhar com ele. E eu consegui apresentar Kevin a um amigo meu da faculdade, Greg Berlanti, um pouco antes da temporada começar, e Kevin o contratou. Então nós três nos transformamos em um trio totalmente maluco, que trabalhava demais, exausto, estressado e extremamente disfuncionais que seguiram durante a segunda temporada de Dawnson’s Creek juntos. Mas eu não estava escrevendo na épica, apenas ajudava. Eu ajudava a criar cenas, porque estávamos sempre tão atrasados e ocupados. Essa foi minha primeira experiência escrevendo. E eu nunca pensei que fosse uma escritora, nunca mesmo. Eu sempre fui aquela que ajudava os escritores. Eu era a musa, aquela que tinha a energia de sentar em uma sala com eles até as quatro da manhã ajudando a revisar uma história. Eu achava que esse sempre seria meu trabalho, que é ser uma produtora. E então uma longa série de reviravoltas entre este momento e Kyle XY, mas basicamente, eu estava produzindo aquele show, e perdemos nossa única escritora mulher, Liz Tigelaar, que tinha sido, por mais engraçado que seja, a estagiária de pós-produção da segunda temporada de Dawson’s Creek, e costumava entregar cenas na minha casa às dez da noite. David Himelfarb, que era o produtor executivo de Kyle XY, me olhou e disse: “Eu acho que você conhece o show tão bem quanto qualquer outra pessoa, porque não escreve um script?” E foi assim tão fácil. Eles me pediram para fazer outro, e depois outro.
EW: Quando você soube que TV era a sua casa ao invés de filmes?
Plec: Eu tive um momento, e isso também foi antes de descobrir que era uma escritora, eu tinha acabado de pegar meu primeiro TiVo, e estava assistindo Buffy, Angel, Once and Again, Ally McBeal, The Practice, e The West Wing religiosamente e me liguei, quer saber, eu não vejo um filme que eu gosto em tipo, seis meses, mas toda noite eu assisto uma, duas, às vezes três séries que me prendem toda semana. E se tem um episódio ruim da sua série favorita, você sabe que na próxima semana provavelmente voltará a ser ótimo. E eu tive um tipo de epifania como fã, e como alguém que ama as histórias de outras pessoas, que realmente televisão era onde e o que eu deveria estar fazendo. Eu culpo David E. Kelley e Joss Whedon. (risos)
EW: Teve algum momento em que você quase desistiu?
Plec: Para uma pessoa que tem sido tão abençoada e bem tratada como eu pelas pessoas que tem me feito tão bem, eu tive um pequeno momento que tirou muito de mim. Eu estava celebrando meu aniversário de 30 anos com Greg, nós nascemos com dois dias de diferença, e nós estávamos dando uma super festa para comemorar nosso trigésimo aniversário e o fato dele estar começando a fazer Dawson’s Creek e Everwood. E eu tinha acabado de descobrir naquela semana que eu tinha ganhado um inimigo, uma pessoa muito importante que tinha basicamente deixado claro que eu não seria bem-vinda para trabalhar com eles, perto deles, ou ao redor deles. E essa pessoa era importante o suficiente para me acertar no coração com muita força, além de me atingir pessoalmente, emocionalmente e profissionalmente por uns dois anos. E eu tive que me segurar para não tentar resolver as coisas com essa pessoa, porque no fim não importava, mas comigo mesma, porque me fez sentir como se não pudesse confiar no meu próprio senso de mim mesma. Quando tudo foi dito e feito, foi tudo uma valiosa lição profissional e de vida também, mas levou vários anos para reconstruir uma confiança sincera e ficar confortável com minha personalidade, com minha ética profissional, com minha paixão, com minha criatividade, e com quem eu sou.
EW: Se você tivesse uma máquina do tempo, o que você faria diferente?
Plec: Eu desenvolvi um auto-conhecimento patológico durante esses 17 anos de trabalho, então raramente me surpreende receber uma crítica, uma notícia ruim ou uma nota. Eu normalmente analiso qualquer cenário que possa aparecer. Mas no começo da minha carreira, eu tinha menos auto-conhecimento e não pensava muito nas consequências do que iria dizer, como eu iria dizer, para que eu dizia. Na minha cabeça, eu estava operando de um lugar de paixão e entusiasmo. Mas quando tudo é dito e feito, era um pouco anti-ético e um pouco ingênuo da minha parte. Então, ao mesmo tempo que ninguém deve se fazer de político demais, porque isso tira seu senso de espontaneidade e de verdade, existe uma linha tênue que você deve aprender enquanto jovem (risos) porque pode te pegar de jeito e não de um jeito bom, se você não está pelo menos consciente que esta linha existe.
EW: De onde você tira inspiração hoje em dia?
Plec: Eu tiro de livros e outras séries de TV. Eu leio muito. De férias, eu traço um plano de ler pelo menos um ou dois livros por dia, porque quando você lê as palavras de outras pessoas, faz acordar e energizar o seu próprio cérebro. Seu cérebro pode ficar bastante parado quando você é a única pessoa criando ideias ou falando com você mesmo. Então isso é uma coisa muito importante pra mim, apenas estar constantemente enchendo minha mente com histórias de outras pessoas. E aí a outra coisa é, eu adoro pessoas. Eu adoro sentar e beber vinho e ter jantares de cinco horas e bater-papo. Ouvindo as histórias de outras pessoas e tentando entender o que faz as pessoas fazerem o que fazem e dizerem o que dizem, eu posso então pegar isso e moldar nos personagens que eu escrevo. Então eu sinto que tenho um contexto de comportamento humano como o resultado de apenas estar genuinamente interessada em me conectar com as pessoas.
EW: Você escreve suas ideias em um livro?
Plec: Está tudo dentro da minha mente. Eu o chamo de meu diário de insônia. Quando eu estou tendo muita dificuldade em dormir, o que acontece bastante quando estou estressada com algum prazo ou com alguma coisa da vida, eu começo a ler meu diário da insônia, e penso: “Ai meu Deus, lembra aquela ideia que eu tive a cinco anos? Eu imagino o que posso fazer com aquela história.” E somente o ato de tentar criar uma nova história normalmente me põe pra dormir na mesma hora. (risos) Então, por isso, nunca leva a nada muito brilhante, mas é realmente um ótimo sonífero.
EW: A quem você recorre quando você se sente travada criativamente?
Plec: Eu tenho o que chamo das minhas Cosmo Girls, que são Liz Tigelaar e Marguerite Maclntyre, que interpreta a xerife Forbes em TVD e também esteve em Kyle XY e que é uma escritora excepcional. Ela é nossa arma secreta. Liz e eu, cada uma lutando para criar sua própria história ou então apenas lidando com frustrações criativas, conversamos uma com a outra e com Marguerite, e inevitavelmente, Marguerite é sempre a que aparece com a solução. (risos) Então ela pode se sustentar sendo apenas a musa de algum escritor. Minha coisa favorita de fazer quando Liz estava brevemente em Melrose Place, era pegar suas ideias durante o jantar. Porque eu estava simplesmente tão animada de estar pensando em alguma outra coisa que não nos roteiros de TVD, ficamos realmente atrasados na época.
EW: Quem você acha que é a mulher mais inteligente fazendo TV no momento?
Plec: Shonda Rhimes. Eu amo Grey’s Anatomy desde o começo, mas Scandal está me conquistando. É uma das histórias mais incríveis. Eu acredito que suas séries tem o elenco mais impecável. A produção é magnífica. Eu amo a cinematografia de Scandal, a música. E ela não tem medo de rapidez, que assusta muita gente que diz: “Ah, as pessoas falam muito rápido”. Eu amo. Eu amo a energia daquela série. E isso tudo é devido a ela, é tudo ideia dela. Ela é definitivamente uma inspiração, com certeza. Apesar de que minha meta de vida é fazer com que ela me siga no Twitter. Ela não me segue, e me faz sentir muito triste e insegura diariamente. (risos) (Update: a meta foi atingida!)
EW: Antes da segunda temporada de TVD, você, Kevin, e eu conversamos sobre a velocidade da série. Todo episódio da a sensação de um episódio enorme. Qual o seu segredo?
Plec: Nós tentamos dividir a série em vários capítulos, para que quatro vezes ao ano, basicamente, vocês tem um season finale, e por quatro vezes no ano vocês tem uma premiere. E tem o fato de que sempre tem algo grande movendo a série adiante, e se alguém não gosta de alguma coisa, as chances são boas de que estaremos seguindo em frente em um mês. Então mantém os espectadores se perguntando, mantém a própria história energizada, fica infinitamente mais fácil dividir uma temporada se você não está a olhando como uma grande, enorme, montanha de 22 episódios. Você está olhando para uma série de mini-montanhas.
EW: Você está usando um episódio de abril de TVD como um piloto para um spinoff centrado nos Originais. Você tem um grande plano para TVD em termos de quantas temporadas ainda teremos e como irá acabar?
Plec: Kevin e eu, ainda na Segunda Temporada na verdade, estávamos sentados em um shopping em Atlanta bebendo uma coca diet, perdendo um prazo, e escrevendo na área pública porque tinha internet, e nós tivemos a ideia de como queríamos que a série terminasse. Eu acho que a pergunta em uma série como TVD é na verdade como a jornada de Damon, Elena e Stefan termina. Nós sabemos como queremos que a jornada de Elena termine, em seus dois personagens e em seu relacionamento com os dois irmãos, e como queremos que o relacionamento entre os irmãos termine. Então isso pode vir no ano seis, se os atores decidirem que estão prontos para seguir em frente, ou pode vir no ano dez, a gente nunca sabe.
EW: A CW acabou de encomendar um piloto de uma série que você está desenvolvendo com Greg, uma daptação da série de Sci-fi britânica dos anos 70 “The Tomorrow People”. Como isso aconteceu?
Nós dois assistimos no canal Nickelodeon quando éramos crianças, porque eles colocavam no ar bem antes de “You Can’t Do That on Television” (risos). E eu nunca pude encontrar uma pessoa que se quer tinha ouvido falar, a não ser por Greg que ouviu falar na faculdade uma vez, então éramos espíritos afins. Ele me liga e diz: “Lembra daquela série que nós dois conversávamos o tempo todo, e como ninguém mais que conhecíamos tinha sequer visto, mas nós sempre falávamos que queríamos transformar em uma série de TV?” E eu disse: “Sim”. E ele: “Eu acabo de conseguir os direitos, e agora você é uma produtora”. E eu: “Bom, este é o trabalho mais fácil que eu já consegui na vida, então muito obrigada.” É tão incrível. Ele tem estado tão ocupado nos últimos sete, ou oito anos, e eu estive tão ocupada nos últimos sete, ou oito anos que nós não estávamos tendo a chance de fazer o que costumávamos fazer, que é sentar em frente a um prato de comida chinesa e bater-papo sobre histórias. Tem sido muito divertido poder brincar com ele um pouco de novo.
Fonte: Inside TV – EW

 créditos  Tradução: @Tinana87 – Equipe Vampire Diaries Brasil –

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